quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Memória: Documentário resgata tradição da capoeira

A CCNFN resgatou a reportagem publicada pelo DGABC no dia 19 e maio de 2014, confira o link: http://www.dgabc.com.br/Noticia/529926/documentario-resgata-tradicao-da-capoeira ou leia na integra em nosso blog.

Foto: Luís Felipe Soares
Parte da história da capoeira deixa as rodas para ganhar as telonas. O cinema é responsável por resgatar a tradição da luta que virou arte por meio do documentário Auetu! – A Capoeira Angola No Fio da Navalha, cuja estreia oficial está marcada para amanhã à noite, a partir das 18h, no teatro do Sesc Santo André. A entrada é franca e os ingressos serão distribuídos no local com uma hora de antecedência.

O longa-metragem é uma iniciativa da Casa de Capoeira de Angola No Fio da Navalha, projeto no bairro Sacadura Cabral, em Santo André, que festeja o lançamento da produção que celebra 15 anos de atividades. Contemplado pelo Fundo de Cultura do município, o grupo percebeu que parte da verba arrecadada poderia servir para registrar esse universo cultural por meio de uma obra audiovisual.

“Achamos que seria interessante resgatar nossa história como base para expandir esse mundo para qual nos dedicamos. Ficaria muito vazio falar somente da gente e abordamos grande parte da jornada da capoeira por São Paulo. É mais do que um filme normal por causa de sua forte parte histórica”, afirma Alexandre Luiz dos Santos, o contra-mestre Cenorinha, responsável pela casa.

O documentário foca a história de mestres de São Paulo, cujos relatos, memórias e ensinamentos revelam o desenvolvimento da capoeira. A saga pessoal de Cenorinha, 41 anos e três décadas estudando a arte, ajuda a costurar o roteiro. “Passei por diversos lugares atrás de informações e conhecimento. Busquei qualidade e encontrei muito respeito, e é isso o que tento passar para os mais jovens. Levo o nome da minha casa ao mesmo tempo que represento a capoeira”, diz o andreense.

 As gravações ocorreram entre fevereiro e o início do segundo semestre do ano passado. Tudo foi comandado pelo diretor André Silvério, de São Bernardo, que já tinha alguns amigos dentro do grupo quando foi chamado para o projeto. Segundo ele, foi uma oportunidade única. “Me senti privilegiado e agradeço que minha profissão tenha me dado a chance de conhecer mais sobre esse universo da Capoeira de Angola. Tem capoeiristas que passam a vida estudando e não viram um décimo do que eu vi. Temos verdadeiras aulas gravadas.”

LEGADO
 A Casa de Capoeira de Angola No Fio da Navalha promove encontros quinzenais, aos sábados, para demonstrar o trabalho e trocar ideias. O próximo está agendado para o dia 24, às 18h, na sede do grupo (Rua Julio Ribeiro, 120). Ao contrário de locais que disponibilizam aulas da arte apenas como atração ou atividade física, o projeto andreense vai além.

 “Nos últimos tempos, o mundo da capoeira se resumiu muito em treinar nas academias e voltar para casa, sem qualquer reflexão. Nossa ideia é tentar buscar no fundo, na fonte mesmo. Há muita coisa desencontrada e desinformada por aí e queremos mexer com isso”, opina Cenorinha.

 Durante os estudos para o filme, Silvério se surpreendeu com alguns aspectos do estilo. “Conhecemos mais a capoeira performática e contemporânea. Já a capoeira de Angola é uma tradição mais próxima do que faziam os escravos. Tem um lado cultural, musical e espiritual muito forte”, comenta o diretor.

 Ao término da sessão, os dois estarão no teatro para bate-papo que ainda contará com a presença da professora Letícia Vidor de Sousa Reis, autora do livro Capoeira – Uma Herança Cultural Afro-Brasileira. “O filme é um passo para que (a casa) possa caminhar cada vez mais e pode servir como porta para muita gente que não os conhece. Uma estreia não ocorre todos os dias. Será uma energia muito boa”, finaliza Silvério.

Auetu! A Capoeira Angola No Fio da Navalha– Cinema. Amanhã, às 18h. No Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Grátis. 

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